Minha tendência para engordar vem praticamente desde sempre, somada a uma predisposição genética que herdei tanto de parte de minha família materna quanto da paterna. Era um bebê rechonchudo, mas fui uma criança magra até os 10 anos. Depois disso, comecei a engordar. Admito que foi também nessa época que meu apetite se tornou mais voraz, e minha disposição para a atividade física se tornou inversamente proporcional. Continuei fofinha até os 14 anos, quando, às vésperas de meu aniversário de 15 anos e diante de um lampejo de bom-senso, comecei uma dieta e emagrecí 9kg, passando de 71 para 62kg, distribuídos num corpitcho de 1,66m. Os hormônios da adolescência e a calorosa recepção que tive por parte do sexo oposto (a gordinha que, até então, passava praticamente despercebida, passou a ter bons pretendentes) me incentivaram a emagrecer ainda mais, então, no ano seguinte, perdí mais 7kg e passei a pesar 55. Eu, na flor de meus 16 aninhos, com um rostinho que as pessoas sempre disseram ser bonito, com um corpo que sempre foi bastante curvilíneo, estava também magra. Foi meu auge. Não havia lugar em que eu chegasse onde as pessoas não me elogiassem e não havia em um círculo de amigos pelo menos um garoto que não fosse a fim de mim (não estou sendo arrogante, entendam, estou apenas narrando fatos).
Mas meu apetite continuava tão voraz quanto antes, e eu nunca
conseguí encontrar um ponto de equilíbrio entre as dietas malucas
(sim, eu emagrecí com dietas malucas e extremamente restritivas) e a
alimentação normal. Passei um tempo sanfoneando: engordava 3k numa
semana, emagrecia 3 na outra. Até que, numa dessas semanas, não
tive ânimo para fazer a tal dieta e os 3kg a mais se transformaram
em 6, depois em 9, e depois em 12. Resultado: depois que fui para a
faculdade, aos 18 anos, engordei os 16kg novamente e voltei a pesar
71.
Acostumada a ser bonitinha e cortejada, acabei voltando para o quase anonimato (quase, porque não
nego meu valor. Eu sabia compensar os quilinhos a mais com carisma,
roupas pretas e listras verticais). Nessa época, tomei remédios,
fiz algumas loucuras, ensaiei princípios de bulimia e anorexia (que,
diga-se de passagem, eu já tinha aos 16 anos, no período
“sanfona”), mas, curiosamente, não conseguia emagrecer
consideravelmente. Sempre perdia pouco peso e, a cada dieta
malsucedida, engordava em seguida mais do que tinha conseguido
emagrecer. Nessa época, com 19 anos e 73kg, conheci o amor da minha
vida. E ele também gostou de mim, apesar do excesso de fofura.
Começamos a namorar e, depois de um ano e meio eu, com 20 anos
engravidei.
Choque total, um período bastante difícil, mas... essa é uma
história para outra ocasião. Durante a gravidez, não engordei
tanto, mas como já estava gordinha, os números do imc já acusavam
excesso de peso. Eu, que nunca havia tido estrias, me ví cheia delas
– apesar de ter usado óleo e cremes para preveni-las. No dia do
parto, estava pesando 81kg. Uma semana após o nascimento da minha
Luísa, eu tinha perdido cerca de 5kg dos 8 que adquirí durante a
gravidez. Mas isso foi apenas a perda de peso natural ocasionada pelo
parto, porque eu, passei a comer ainda mais e a me mexer ainda menos.
Desleixada com minha aparência, exausta por não conseguir dormir
durante a noite e cheirando (constantemente) a leite azedo, parei de
fazer a raiz do cabelo, deixei de sair de casa, aposentei os saltos e
maquiagens e me contentava em andar pela casa com calças de moletom
e camisetas de propaganda politica. Estava depressiva, desanimada,
insatisfeita com meu peso e insegura com minha nova atribuição –
ser mãe. Ávida para produzir leite e alimentar minha filha apenas
com leite materno durante os 6 primeiros meses, devorava pratos de
feijoada, canjica, caldo de frango e outras guloseimas que
supostamente estimulam a produção de leite. Da gravidez, sobraram
inúmeras estrias e muita flacidez. Meus amigos percebiam que algo
estava errado comigo, afinal, eu sempre fora alegre, extrovertida,
vaidosa, e meu namorado (hoje, marido) também notou que eu já não
era mais a mesma. Porém, antes que algum deles me desse o chacoalhão
que eu precisava levar, a própria vida se encarregou disso.
Dia desses, peguei o carro e fui ao supermercado comprar comida.
Minha filha acabara de completar 6 meses e eu já não tinha a
desculpa do leite para comer loucamente. No caminho, ví uma turminha
de garotas da minha idade. Jovens (sim, eu tinha 21 anos), bonitas,
arrumadas, animadas, felizes e saltitantes. E, de relance, me ví no
retrovisor do carro: gorda, desarrumada, feia, aparentando ser muito
mais velha que de fato era. Assim que cheguei ao mercado, após seis
meses sem me pesar, decidí encarar a balança. Estava pesando
77.8kg, 23 a mais que no meu período “magra”. Me lembrei de
quando, aos 16 anos, ficava aflita quando passava dos 58kg e imaginei
o quanto era bonita e feliz comigo mesma nessa época.
Tinha ido comprar alguma guloseima para devorar pela tarde, mas
acabei voltando pra casa com frutas, verduras, iogurtes dietéticos,
bolachinhas de água e sal, e mais um sem número de produtos na
versão light. Anotei meu peso (77.8kg – nunca esquecí) e comecei
a escrever um diário contando tudo o que eu comia, além de minhas
outras aventuras e desventuras no período da dieta. Me matriculei
numa academia e já fui logo fazer uma aula experimental. Tinha tudo
pra ser uma empolgação momentânea seguida de mais um regime
fracassado, mas, exatamente uma semana depois, voltei ao mesmo
mercado e subí na mesma balança. Ao ver 74kg na balança, sentí
meu ânimo renovado, esperando ansiosamente pela pesagem da próxima
semana. E, uma semana depois, lá estava eu, com 71kg, um sorriso no
rosto e uma vontade enorme de seguir em frente. Obstinada, firme em
meu propósito e comendo como um passarinho, continuei vivendo uma
semana de cada vez e, antes mesmo que pudesse me dar conta, estava
com 63kg – quase 14.8 a menos que quando comecei a dieta. Comprei
roupas novas, voltei a retocar a raiz do cabelo, tirei os saltos e as
maquiagens do armário. Feliz, voltei pra faculdade, continuei
comendo pouco e eliminei mais 2kg, ficando, no fim do diário, com
61kg.
Como tenho uma tendência fortíssima a ser sempre 8 ou 80 (ou passo
fome, ou como feito uma leoa), enfrentei mais um período de efeito
sanfona (oscilando entre 61 e 64kg), até que, diante da proximidade
da data de meu casamento, decidí emagrecer mais, e subí ao altar
pesando os sonhados 55kg de minha adolescência.
E todos foram felizes para sempre... certo?
Quase isso. Para quem é como eu, as dietas nunca tem efetivamente um
ponto final. Eu sei que vou fazer muitos regimes ainda. Sei que
provavelmente vou engordar alguns quilinhos e emagrecer outros
(poucos, espero). O que eu não quero é me descontrolar novamente, e
acordar um dia pesando 23 kg a mais. Para emagrecer, é preciso esforço e força de vontade, mas não se engane - as mudanças precisam ser definitivas, afinal, manter o peso também requer sacrifícios. Meu corpo de hoje é uma absoluta
conquista, um grande sucesso, e agradeço a Deus a força e garra que
Ele me deu durante o processo de emagrecimento. Mas não é pecado
querer ir um pouco mais longe e acreditar que sou, sim, capaz de
muito mais... só depende de mim!
Ah, só mais uma coisa... se eu conseguí... VOCÊ TAMBÉM PODE!
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